Com quase 150 mil habitantes, Queimados quer se tornar referência para o desenvolvimento orientado ao transporte sustentável. O município da Baixada está prestes a iniciar um estudo urbanístico pioneiro no estado que vai apontar medidas para priorizar os deslocamentos não motorizados e por transportes públicos no Centro. Com um financiamento de R$ 500 mil do Banco Mundial, o projeto será o pontapé inicial para a prefeitura pleitear um verdadeiro ‘negócio da China’, que pode beneficiar a população com novos terminais rodoviários.
“O TOD (sigla em inglês para o conceito de ‘Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável’) busca sair do paradigma do uso do automóvel, voltando-se para caminhadas, bicicletas e transporte público. É uma ação efetiva com o objetivo de compactar a atividade imobiliária nas áreas centrais e colocar mais gente possível morando nesse território, bem irrigado por estação de trem e linhas de ônibus”, explica Vicente Loureiro, diretor-executivo da Câmara Metropolitana do Rio, órgão estadual que apoia o estudo.
Executivos do Grupo de Investimentos de Transporte da Província de Sichuan visitaram a cidade na quarta-feira e apresentaram proposta de parceria para a construção de até três terminais. Segundo a prefeitura, os melhores pontos para a instalação de um ou mais terminais, visando à promoção de melhores integrações, serão indicados no estudo. O mapeamento deve ser iniciado em março e concluído até o fim do ano. O grupo chinês deve confirmar a parceria após a conclusão do estudo.
“Os chineses pretendem custear as obras dos terminais. Em contrapartida, querem explorá-los por um período”, explica o secretário municipal de Transporte e Trânsito, Antonio Almeida Silva. Segundo o secretário, Queimados não tem terminais, mas paradas de ônibus em corredores viários, que atravancam o trânsito e causam riscos a pedestres e ciclistas: “A expectativa é que os terminais sejam municipais e intermunicipais e fiquem um pouco afastados do centro. Tecnicamente, é o ideal para evitar congestionamentos”.
Com investimentos ou não vindos da China, o fato é que há muito a ser melhorado no transporte público da cidade. “Os ônibus são velhos, sujos e a demora é absurda”, reclama o passageiro Francisco de Jesus, de 55 anos. São muitas as reclamações de moradores, principalmente após o aumento da tarifa, em janeiro, de R$ 3,45 para R$ 3,95. “Pior que pagar mais caro é pagar por um serviço sem qualidade. Isso é abusivo!”, queixa-se Vera Lucia Machado, 43.
Prefeitura licitará linhas
Para Vicente Loureiro, Queimados pode servir de exemplo para outros municípios entenderem que é possível adotar desenvolvimento sustentável sem gastar muito,especialmente em período de crise. O TOD oferece soluções para a criação de bairros mistos (com residências, comércio e serviços). O objetivo é evitar longos deslocamentos, reduzindo engarrafamentos e a superlotação nos transportes. “Uma das principais medidas para estimular o uso misto do centro é criar incentivos à construção imobiliária por meio de projeto de lei”, exemplifica. Segundo Loureiro, o levantamento também indicará eixos para implantação de ciclofaixas e bicicletários, a fim de promover integração com sistemas de transporte. “Isso também não demanda grandes investimentos”,
A prefeitura pretende licitar as linhas de ônibus em até três meses. Ganharão a concessão empresas que oferecerem maior outorga e melhores condições técnicas. O edital exigirá critérios de qualidade como idade média da frota de cinco anos, rampas de acessibilidade, câmeras de segurança, GPS para fiscalização e bilhetagem eletrônica. Não serão exigidos ar-condicionado, nem redução da tarifa.
Informações: O Dia
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